Iniciamos agora nosso último dia da oficina de
Alimentação Infantil. Hoje o tema é A INFLUÊNCIA DA MÍDIA NA ALIMENTAÇÃO
INFANTIL. Sabemos que grande parte das crianças e adolescentes de hoje,
passam cerca de 3-4horas diárias diante da televisão. Isso faz com que elas
fiquem suscetíveis à publicidade tão marcada neste meio de comunicação. Dos
anúncios existentes, cerca de 60% deles são de alimentos que contém gorduras,
óleos, açúcares e doces, grande parte das substâncias que causam a obesidade e
problemas de saúde mais graves.
1) A MÍDIA NA ALIMENTAÇÃO INFANTIL:
Vamos começar analisando o avanço psicológico
infantil, mostrando a partir de qual idade ela já é capaz de absorver o
estímulo da publicidade e desejar certo produto.
McNeal [4] propõe que o desenvolvimento do
comportamento consumidor na infância seja dividido em 5 estágios:
- observação (2 meses): geralmente é por volta desta idade que a criança faz sua primeira visita a um estabelecimento comercial;
- pedido (2 anos): a criança pede o produto sendo observado, por meio de gestos e palavras;
- seleção (3 anos e meio): remove sozinho produtos das prateleiras;
- compra assistida (5 anos e meio): faz a primeira compra de um produto desejado, com assistência dos pais;
- compra independente (8 anos): realiza o ato de comprar por sua conta, independentemente da presença dos pais”.
A publicidade e propaganda oferecem técnicas que
encorajam o público a consumir certos produtos. Atualmente na televisão, há um
grande número de propagandas de produtos com alto teor de açúcares, gorduras e
sal, o que atinge diretamente as crianças que assistem à televisão diariamente.
Com base nisso, há pesquisas que mostram o poder de influência dessas
propagandas sobre crianças de dois à onze anos de idade. Essas, baseiam seus
pedidos de compra e opiniões de alimentos nas publicidades, o que deixa claro
também a ligação direta desse tipo de propaganda com a estatística de sobrepeso
em crianças e adolescentes.
Desta forma, alguns países detém políticas de
publicidade que são direcionadas ao público infantil. Veja abaixo alguns dos
países que possuem essa restrição:
- Noruega e a Suíça proíbem veiculação de qualquer comercial de televisão para crianças abaixo de 12 anos de idade;
- Áustria e Bélgica proíbem comerciais antes e depois de programas infantis;
- Dinamarca faz restrições quanto à utilização de figuras e animais de programas infantis nos comerciais;
- Itália apresenta um código de auto-regulamentação com restrições específicas, incluindo previsão de penalidades financeiras;
- Austrália proíbe comercial durante a exibição de programas para crianças em idade pré-escolar e restringe quantidade e freqüência de comerciais durante a programação infantil;
- Em 10 dos 16 países avaliados na Ásia existe alguma forma de regulamentação;
- Malásia, Paquistão e Tailândia existem sistema de pré-avaliação e aprovação dos comerciais.
Uma análise de publicidade e propaganda realizada no
Brasil em 2001, destacou que 44% 4% das propagandas de alimentos voltadas ao
público infantil eram de alimentos ricos em açúcar e gordura. Essa questão
entra diretamente no direito direito humano à alimentação adequada e ao mais
alto padrão de saúde possível, o respeito aos direitos da criança e
adolescente, e o alcance da segurança alimentar e nutricional, que devem fazer
parte da regulamentação da publicidade e propaganda, principalmente direcionada
ao público infantil.
Dentro desse tipo de publicidade, devem estar claros:
- a informação adequada e correta sobre o valor nutricional do alimento, evitando qualquer tipo de erro ou equívoco sobre seus atributos e de mecanismos de indução sobre vantagens associadas ao consumo de alimentos não saudáveis;
- a caracterização e definição do que são alimentos ricos em açúcar, gordura e sal;
- o uso de advertências após a veiculação das propagandas destes alimentos;
- a restrição da utilização de figuras, desenhos e personalidades, quando direcionada a crianças;
- a restrição do horário de veiculação (após 21 horas e até 6 horas);
- a publicidade em instituições de ensino;
- a associação com brindes, prêmios, bonificações e apresentações.
É pensando na qualidade de vida e na saúde, que as
empresas tem que melhorar seus produtos buscando tornar menos prejudicial, e
fazendo da publicidade um meio de conhecer melhor sobre o real valor do produto
e quais os benefícios e malefícios que a gente tem a partir do momento que
consumimos certos produtos.
A oferta de brindes nos comerciais é um dos pontos
importantes que levam as crianças á serem persuadidas pela publicidade. Esse
tipo de propaganda oferece um brinde para quem consumir o produto. Geralmente,
esse brinde leva o nome de algum desenho animado famoso, ou que disperta a
curiosidade e desejo das crianças. Além desses personagens de desenho, também
são utilizadas autoridades da vida real ou celebridades. O desejo a compra desses produtos de baixo
teor nutritivo, pode levar até o desentendimento de pais e filhos, visto que a
vontade é satisfeita pelos pais quando as crianças pedem certos tipos de
alimentos.
Hoje em dia, a alimentação é grande parte do orçamento
do brasileiro. Por isso, também grande parte do investimento em publicidade e
propaganda vai para o setor alimentício, principalmente na televisão que é o
meio de comunicação de maior audiência no país. É devido á esses dados, que são
estimulados debates entre nutricionistas e profissionais do marketing, afim de
criar restrições à propaganda de bebidas e alimentos potencialmente causadores
de obesidade. “Dentre estas recomendações, a publicidade de alimentos e
refrigerantes não deve encorajar o consumo excessivo, menosprezar a importância
de uma alimentação saudável, empregar apelos ligados a status social, entre
outras regras.” (MOURA, 2010).
Outro fator importante, que contribui para o
desenvolvimento de doenças e obesidade, é a inatividade física. Esse fato pode
ser incrementado devido à falta de ambientes públicos para fazer exercícios, a
falta de estímulo, e a violência nos grandes centros urbanos. Quem nunca
ouviu a mãe falar que na época dela, as crianças brincavam na rua? Pois
é, hoje em dia é mais difícil encontrar crianças brincando nas ruas, e isso se
dá devido á esses fatores citados acima. Hoje, as crianças e jovens se
adaptaram ao lazer dentro de casa, e isso faz com que elas recorram á televisão
e aos vídeo-games e computadores. Essa nova era tecnológica influencia à não
prática de exercícios físicos, visto que esse público só quer passar seu tempo
livre diante de televisores e vídeo-games. Essa exposição à mídia ajuda
diretamente ao consumo de alimentos ricos em gorduras,sal e açúcares, como foi
citado anteriormente no texto, e a inatividade física, causando novas doenças e
desenvolvendo a obesidade no público jovem. Brincadeiras antes vistas como
comuns na infância (corre-corre, pega-pega, esconde-esconde) que pediam algum
tipo de atividade física, hoje já não chamam mais a atenção dos jovens. Ao
contrário dos jogos digitais e da televisão, causando sedentarismo nesse tipo
de público. É fato que a nova era vem diferente, mas cabe aos pais e
professores estimularem as antigas práticas, mostrando às crianças que o mundo
fora de casa também pode ser interessante e estimulante. Assim como é bom para
o desenvolvimento saudável dos jovens, também faz com que esses tenham uma
atividade social em comum, como é o caso das brincadeiras.
2) DEBATE (30min)
Depois dessa pequena introdução sobre o
tema, vamos estimular o debate através de um vídeo que passamos sobre o mesmo
assunto. Este vídeo, tem o objetivo de promover a discussão através de uma roda
de conversas, onde serão apresentadas perguntas estimuladoras baseadas no que
pode ser visto através do filme.
Hoje vamos exibir o documentário “Criança –
A Alma do Negócio”, que reflete questões sobre a influência da mídia no poder
de compra das crianças. Todos sabemos que os filhos, atualmente, tem uma força
de compra significativa dentro de casa, por isso, o documentário aborda o poder
da mídia nessa prática. O documentário aborda de uma questão geral, como a
vontade que a propaganda cria em a criança adquirir diferentes marcar, o que
pode ser visto também nas propagandas de alimento, os quais as crianças também
influenciam bastante o poder de compra.
Perguntas para debate:
1) Porque as crianças se sentem diretamente
influenciadas pelas propagandas?
2) Você acha que a publicidade tem mais
tempo com as crianças, hoje em dia?
3) Você acha que o diálogo com a criança
melhora essa relação delas com a mídia?
4) O que você acha que deveria mudar nos
anúncios de propaganda para as crianças? Você concorda na existência deles?
5) Menos tempo em contato com a televisão
ajudaria?
6) Qual seria uma das soluções para que
esse tipo de negócio não tivesse tanto impacto como atualmente?
7) A publicidade transforma as crianças em
pessoas consumistas? Você acha que a influência dos pais também ajuda para que
esse ponto se agrave?
3) ATIVIDADE PRÁTICA:
Na terceira atividade do blog, a gente
sempre indica uma brincadeira ligada ao tema. Como o tema de hoje é a mídia, e
as crianças estão mais ligadas à produtos eletrônicos e até preferindo estes, a
uma brincadeira comum, resolvemos adotar um jogo como os que as crianças de
antigamente jogavam.
Então vamos tirar as crianças de casa,
aproveitar aquele dia de sol e respirar um pouco de ar puro! Esse tipo de jogo é importante também, pois
estimula a criança a participar de um jogo que requer um certo exercício
física, o que afeta positivamente sua saúde. Se você realiza com frequência
esse tipo de atividade, a criança se acostuma e passa a valorizar as atividades
ao ar livre.
A brincadeira de hoje é A CAÇA AO
TESOURO:
FAIXA ETÁRIA
|
Acima
de 6 anos
|
LOCAL
|
Quintal, Dentro de casa, Salão de Festas, Condomínio
|
ESTIMULAR
|
Agilidade, Atenção, Concentração, Cooperação,
Estratégia, Raciocínio lógico
|
PARTICIPANTES
|
3+
|
MATERIAL
|
Lápis e papel, fitas coloridas e um prêmio (balas,
bombons, brinquedos)
|
COMO BRINCAR
Dentro de uma área pré-definida espalhe as pistas anotadas em um papel,
sendo que cada pista traga uma informação que leve a outra pista, sendo que a
última levará ao tesouro. Os jogadores recebem uma pista inicial para começar a
caçada. Adapte as pistas de acordo com a idade dos participantes, com jogadores
mais jovens faça pistas mais óbvias já para os mais experientes aumente a
dificuldade.
A graça do jogo está justamente nas pistas que podem trazer charadas, enigmas, anagramas, cruzadinhas, caça-palavras, frases incompletas. Lembrando que a solução sempre levará à outra pista.
Com um número grande de jogadores divida-os em equipes em uma competição. Nesse caso, use as fitas coloridas para diferenciar as pistas de cada equipe. Se as idades dos participantes divergirem muito, faça rotas diferentes que levem ao mesmo tesouro e adapte a dificuldade das pistas para a idade de cada integrante.
A graça do jogo está justamente nas pistas que podem trazer charadas, enigmas, anagramas, cruzadinhas, caça-palavras, frases incompletas. Lembrando que a solução sempre levará à outra pista.
Com um número grande de jogadores divida-os em equipes em uma competição. Nesse caso, use as fitas coloridas para diferenciar as pistas de cada equipe. Se as idades dos participantes divergirem muito, faça rotas diferentes que levem ao mesmo tesouro e adapte a dificuldade das pistas para a idade de cada integrante.
Se você procura outras dicas de
brincadeiras e atividades que podem ser feitas ao ar livre, acesso o site http://delas.ig.com.br/filhos/brincadeiras/ , e lá você encontra várias opções e tipos
diferentes de brincadeiras.
4) SAIBA COMO:
Como já dito anteriormente, a maior
porcentagem da publicidade e propaganda brasileira é para alimentos. Sendo
assim, grande parte dessa publicidade ataca diretamente o público infantil.
Quantas vezes não ouvimos uma criança pedir para ir à uma agencia de fast-food? O brinde é um dos assuntos que também chamam a atenção desse público e acabam
levando as crianças a consumirem um produto de baixo teor nutritivo, colocando
em risco sua saúde.
E porque não podemos fazer esse fast-food
na nossa casa? Deixaria até de ser fast-food, visto que podemos
adicionar ingredientes nutritivos e não embutidos, o que tornaria nossa
refeição saudável e, com alguns outros utensílios, a transformaria em
divertida. Vamos ver como isso pode acontecer?
Escolhemos uma dica do site Comer para
Crescer (http://www.comerparacrescer.com/2010/03/05/hamburguer-caseiro/) Veja abaixo:
Preparo do Hambúguer:
- 250g de patinho moído (ou outra carne
magra de sua preferência)
- 250g de acém ou alcatra ou contra-filé
moído (ou outra carne de sua preferência, pode ser picanha, por exemplo, mas
precisa ser uma carne com um pouco de gordura, caso contrário o hambúrguer fica
seco e sem graça)
Modo de preparo:
Misture as duas carnes moídas e molde os
hambúrgueres pequenos na mão. Depois deixe na geladeira por 10 min. Em fogo
brando, doure, com um fio de óleo, o hambúrguer por 2 minutos de cada lado. Em
seguida, abaixe totalmente o fogo, tampe as carnes e deixe assim por mais três
minutos cada lado (fique de olho para não tostar). Um jeito de temperar os
hambúrgueres, seria salpicar sal e pimenta antes destes irem à frigideira e
deixar o tempero agir durante alguns minutos.
Junte pão de hambúrguer, coloque um pouco
de salada de sua preferência. Como já foi mostrado nos outros dias da oficina,
decorar o prato é uma excelente maneira de chamar a atenção e aguçar as
crianças a comerem de uma forma divertida. Uma outra ideia também seria fazer
bonecos caseiros, como “brindes”, igual os que vimos nas agências de fast-food.
Caso queira aprimorar esta prática, faça uma apresentação do prato bem legal
imitando um certo desenho animado ou um personagem que seja do gosto da
criança.
Desta maneira, você pode tornar a refeição
uma parte do dia mais divertida sem deixar de utilizar de alimentos saudáveis e
menos maléficos à saúde. Trazer as crianças para a cozinha também é uma ótima
forma de mostrar a eles, que dentro de casa se pode fazer uma alimentação
melhor e mais divertida do que uma ida à um fast food, por exemplo. É
tudo questão de criatividade!
5) DICAS:
Todos os dias a gente segue com dicas das
matérias do blog. Hoje, falamos sobre a mídia e a influência dela sob o público
infantil.
1) Nosso textinho de introdução foi baseado
no artigo de Neila Camargo de Moura, que fala sobre a influência da mídia no
comportamento alimentar de crianças e adolescentes. É super interessante e vale
a pena a leitura:
2) Em seguida, exibimos o documentário
“Criança – A Alma do Negócio”, que aborda a influência da propaganda na vida
das crianças e no seu poder de compra. Como por exemplo, a transformação desse
público em pessoas mais consumistas e a mudança da infância para outras
atividades relacionadas a compra. Assunto que tem totalmente a ver com a alimentação
infantil, visto que a maior verba da publicidade, atualmente, é para
propagandas relacionadas a alimentos e que afetam as crianças. O documentário
está disponível no youtube pelo link:
3) A nossa brincadeira foi tirada do site http://delas.ig.com.br/filhos/brincadeiras/ , onde você pode encontrar uma lista de
outros jogos que podem ser feitos com seus filhos, dentro e fora de casa;
4) O nosso saiba como mostrou uma outra
maneira de fazer hambúrguer de uma forma mais divertida e saudável para as
crianças. Muitas vezes ouvimos o público infantil pedir para ser levado ao fast
food, tanto pela comida quanto pelo brinde. Por isso, o blog criou uma forma
divertida e prazerosa em comer hambúrguer onde tanto os pais, como os filhos
podem se divertir juntos, sem comer a famosa “junk food”. Você também pode
tirar outras receitas divertidas no site http://www.comerparacrescer.com/ .
6) CONSIDERAÇÕES FINAIS:
Hoje chegou ao fim nossos quatro dias de
oficina. O nosso objetivo foi, antes de tudo, mostrar a realidade da saúde das
nossas crianças através do que elas comem. A alimentação foi o ponto forte
nesta oficina, mostrando aos pais, professores, educadores, que é possível
melhorar a educação alimentar do público infantil, adquirindo novos hábitos.
Durante os quatro dias expomos assuntos,
debatemos interessantes pontos, forçamos o diálogo sobre diferentes temas e
oferecemos outras maneiras de trazer a criança para dentro desse assunto que é
tão importante. Vimos que acima de tudo, é necessário a conversa entre adultos
e crianças, afim de mostrar a situação dos jovens, buscando sempre diferenciar
o que faz bem e o que não faz bem para nós.
Acima de tudo, a saúde a partir da
alimentação não é somente o ato de ingerir, mas sim a necessidade social de ter
a oportunidade de saber diferenciar o que saudável e o que não é. Esse ato só é
possível a partir do momento em que pais e professores possam abordar esse
tema, juntos, deixando claro que elas têm o direito de ter esse conhecimento
até para sua formação como cidadão.
Espero que esse conteúdo sirva para nortear
e estimular os pais e professores a abordarem esse tema com as crianças,
visando um futuro mais saudável e democrático.
Obrigado!