segunda-feira, 23 de setembro de 2013

A mídia na Alimentação Infantil

Iniciamos agora nosso último dia da oficina de Alimentação Infantil. Hoje o tema é A INFLUÊNCIA DA MÍDIA NA ALIMENTAÇÃO INFANTIL. Sabemos que grande parte das crianças e adolescentes de hoje, passam cerca de 3-4horas diárias diante da televisão. Isso faz com que elas fiquem suscetíveis à publicidade tão marcada neste meio de comunicação. Dos anúncios existentes, cerca de 60% deles são de alimentos que contém gorduras, óleos, açúcares e doces, grande parte das substâncias que causam a obesidade e problemas de saúde mais graves.

1) A MÍDIA NA ALIMENTAÇÃO INFANTIL: 

Vamos começar analisando o avanço psicológico infantil, mostrando a partir de qual idade ela já é capaz de absorver o estímulo da publicidade e desejar certo produto.

McNeal [4] propõe que o desenvolvimento do comportamento consumidor na infância seja dividido em 5 estágios: 
  1. observação (2 meses): geralmente é por volta desta idade que a criança faz sua primeira visita a um estabelecimento comercial;
  2. pedido (2 anos): a criança pede o produto sendo observado, por meio de gestos e palavras;
  3. seleção (3 anos e meio): remove sozinho produtos das prateleiras;
  4.  compra assistida (5 anos e meio): faz a primeira compra de um produto desejado, com assistência dos pais;
  5. compra independente (8 anos): realiza o ato de comprar por sua conta, independentemente da presença dos pais”.


A publicidade e propaganda oferecem técnicas que encorajam o público a consumir certos produtos. Atualmente na televisão, há um grande número de propagandas de produtos com alto teor de açúcares, gorduras e sal, o que atinge diretamente as crianças que assistem à televisão diariamente. Com base nisso, há pesquisas que mostram o poder de influência dessas propagandas sobre crianças de dois à onze anos de idade. Essas, baseiam seus pedidos de compra e opiniões de alimentos nas publicidades, o que deixa claro também a ligação direta desse tipo de propaganda com a estatística de sobrepeso em crianças e adolescentes.
Desta forma, alguns países detém políticas de publicidade que são direcionadas ao público infantil. Veja abaixo alguns dos países que possuem essa restrição: 

  • Noruega e a Suíça proíbem veiculação de qualquer  comercial de televisão para crianças abaixo de 12 anos de idade;
  •  Áustria e Bélgica proíbem comerciais antes e depois de programas infantis;
  • Dinamarca faz restrições quanto à utilização de figuras e animais de programas infantis nos comerciais;
  • Itália apresenta um código de auto-regulamentação com restrições específicas, incluindo previsão de penalidades financeiras;
  • Austrália proíbe comercial durante a exibição de programas para crianças em idade pré-escolar e restringe quantidade e freqüência de comerciais durante a programação infantil;
  • Em 10 dos 16 países avaliados na Ásia existe alguma forma de regulamentação;
  •  Malásia, Paquistão e Tailândia existem sistema de pré-avaliação e aprovação dos comerciais.

Uma análise de publicidade e propaganda realizada no Brasil em 2001, destacou que 44% 4% das propagandas de alimentos voltadas ao público infantil eram de alimentos ricos em açúcar e gordura. Essa questão entra diretamente no direito direito humano à alimentação adequada e ao mais alto padrão de saúde possível, o respeito aos direitos da criança e adolescente, e o alcance da segurança alimentar e nutricional, que devem fazer parte da regulamentação da publicidade e propaganda, principalmente direcionada ao público infantil.
Dentro desse tipo de publicidade, devem estar claros: 
  • a informação adequada e correta sobre o valor nutricional do alimento, evitando qualquer tipo de erro ou equívoco sobre seus atributos e de mecanismos de indução sobre vantagens associadas ao consumo de alimentos não saudáveis;
  • a caracterização e definição do que são alimentos ricos em açúcar, gordura e sal;
  • o uso de advertências após a veiculação das propagandas destes alimentos;
  • a restrição da utilização de figuras, desenhos e personalidades, quando direcionada a crianças;
  • a restrição do horário de veiculação (após 21 horas e até 6 horas);
  • a publicidade em instituições de ensino;
  • a associação com brindes, prêmios, bonificações e apresentações.

É pensando na qualidade de vida e na saúde, que as empresas tem que melhorar seus produtos buscando tornar menos prejudicial, e fazendo da publicidade um meio de conhecer melhor sobre o real valor do produto e quais os benefícios e malefícios que a gente tem a partir do momento que consumimos certos produtos.
A oferta de brindes nos comerciais é um dos pontos importantes que levam as crianças á serem persuadidas pela publicidade. Esse tipo de propaganda oferece um brinde para quem consumir o produto. Geralmente, esse brinde leva o nome de algum desenho animado famoso, ou que disperta a curiosidade e desejo das crianças. Além desses personagens de desenho, também são utilizadas autoridades da vida real ou celebridades.  O desejo a compra desses produtos de baixo teor nutritivo, pode levar até o desentendimento de pais e filhos, visto que a vontade é satisfeita pelos pais quando as crianças pedem certos tipos de alimentos.
Hoje em dia, a alimentação é grande parte do orçamento do brasileiro. Por isso, também grande parte do investimento em publicidade e propaganda vai para o setor alimentício, principalmente na televisão que é o meio de comunicação de maior audiência no país. É devido á esses dados, que são estimulados debates entre nutricionistas e profissionais do marketing, afim de criar restrições à propaganda de bebidas e alimentos potencialmente causadores de obesidade. “Dentre estas recomendações, a publicidade de alimentos e refrigerantes não deve encorajar o consumo excessivo, menosprezar a importância de uma alimentação saudável, empregar apelos ligados a status social, entre outras regras.” (MOURA, 2010).
Outro fator importante, que contribui para o desenvolvimento de doenças e obesidade, é a inatividade física. Esse fato pode ser incrementado devido à falta de ambientes públicos para fazer exercícios, a falta de estímulo, e a violência nos grandes centros urbanos. Quem nunca ouviu a mãe falar que na época dela, as crianças brincavam na rua? Pois é, hoje em dia é mais difícil encontrar crianças brincando nas ruas, e isso se dá devido á esses fatores citados acima. Hoje, as crianças e jovens se adaptaram ao lazer dentro de casa, e isso faz com que elas recorram á televisão e aos vídeo-games e computadores. Essa nova era tecnológica influencia à não prática de exercícios físicos, visto que esse público só quer passar seu tempo livre diante de televisores e vídeo-games. Essa exposição à mídia ajuda diretamente ao consumo de alimentos ricos em gorduras,sal e açúcares, como foi citado anteriormente no texto, e a inatividade física, causando novas doenças e desenvolvendo a obesidade no público jovem. Brincadeiras antes vistas como comuns na infância (corre-corre, pega-pega, esconde-esconde) que pediam algum tipo de atividade física, hoje já não chamam mais a atenção dos jovens. Ao contrário dos jogos digitais e da televisão, causando sedentarismo nesse tipo de público. É fato que a nova era vem diferente, mas cabe aos pais e professores estimularem as antigas práticas, mostrando às crianças que o mundo fora de casa também pode ser interessante e estimulante. Assim como é bom para o desenvolvimento saudável dos jovens, também faz com que esses tenham uma atividade social em comum, como é o caso das brincadeiras.

2) DEBATE (30min)
Depois dessa pequena introdução sobre o tema, vamos estimular o debate através de um vídeo que passamos sobre o mesmo assunto. Este vídeo, tem o objetivo de promover a discussão através de uma roda de conversas, onde serão apresentadas perguntas estimuladoras baseadas no que pode ser visto através do filme.
Hoje vamos exibir o documentário “Criança – A Alma do Negócio”, que reflete questões sobre a influência da mídia no poder de compra das crianças. Todos sabemos que os filhos, atualmente, tem uma força de compra significativa dentro de casa, por isso, o documentário aborda o poder da mídia nessa prática. O documentário aborda de uma questão geral, como a vontade que a propaganda cria em a criança adquirir diferentes marcar, o que pode ser visto também nas propagandas de alimento, os quais as crianças também influenciam bastante o poder de compra. 




Perguntas para debate:
1) Porque as crianças se sentem diretamente influenciadas pelas propagandas?
2) Você acha que a publicidade tem mais tempo com as crianças, hoje em dia?
3) Você acha que o diálogo com a criança melhora essa relação delas com a mídia?
4) O que você acha que deveria mudar nos anúncios de propaganda para as crianças? Você concorda na existência deles?
5) Menos tempo em contato com a televisão ajudaria?
6) Qual seria uma das soluções para que esse tipo de negócio não tivesse tanto impacto como atualmente?
7) A publicidade transforma as crianças em pessoas consumistas? Você acha que a influência dos pais também ajuda para que esse ponto se agrave?

3) ATIVIDADE PRÁTICA:
Na terceira atividade do blog, a gente sempre indica uma brincadeira ligada ao tema. Como o tema de hoje é a mídia, e as crianças estão mais ligadas à produtos eletrônicos e até preferindo estes, a uma brincadeira comum, resolvemos adotar um jogo como os que as crianças de antigamente jogavam.
Então vamos tirar as crianças de casa, aproveitar aquele dia de sol e respirar um pouco de ar puro! Esse tipo de jogo é importante também, pois estimula a criança a participar de um jogo que requer um certo exercício física, o que afeta positivamente sua saúde. Se você realiza com frequência esse tipo de atividade, a criança se acostuma e passa a valorizar as atividades ao ar livre.
A brincadeira de hoje é A CAÇA AO TESOURO:
FAIXA ETÁRIA
Acima de 6 anos
LOCAL
Quintal, Dentro de casa, Salão de Festas, Condomínio
ESTIMULAR
Agilidade, Atenção, Concentração, Cooperação, Estratégia, Raciocínio lógico
PARTICIPANTES
3+
MATERIAL
Lápis e papel, fitas coloridas e um prêmio (balas, bombons, brinquedos)
COMO BRINCAR
Dentro de uma área pré-definida espalhe as pistas anotadas em um papel, sendo que cada pista traga uma informação que leve a outra pista, sendo que a última levará ao tesouro. Os jogadores recebem uma pista inicial para começar a caçada. Adapte as pistas de acordo com a idade dos participantes, com jogadores mais jovens faça pistas mais óbvias já para os mais experientes aumente a dificuldade.

A graça do jogo está justamente nas pistas que podem trazer charadas, enigmas, anagramas, cruzadinhas, caça-palavras, frases incompletas. Lembrando que a solução sempre levará à outra pista.

Com um número grande de jogadores divida-os em equipes em uma competição. Nesse caso, use as fitas coloridas para diferenciar as pistas de cada equipe. Se as idades dos participantes divergirem muito, faça rotas diferentes que levem ao mesmo tesouro e adapte a dificuldade das pistas para a idade de cada integrante. 

Se você procura outras dicas de brincadeiras e atividades que podem ser feitas ao ar livre, acesso o site http://delas.ig.com.br/filhos/brincadeiras/ , e lá você encontra várias opções e tipos diferentes de brincadeiras.

4) SAIBA COMO:
Como já dito anteriormente, a maior porcentagem da publicidade e propaganda brasileira é para alimentos. Sendo assim, grande parte dessa publicidade ataca diretamente o público infantil. Quantas vezes não ouvimos uma criança pedir para ir à uma agencia de fast-food? O brinde é um dos assuntos que também chamam a atenção desse público e acabam levando as crianças a consumirem um produto de baixo teor nutritivo, colocando em risco sua saúde.
E porque não podemos fazer esse fast-food na nossa casa? Deixaria até de ser fast-food, visto que podemos adicionar ingredientes nutritivos e não embutidos, o que tornaria nossa refeição saudável e, com alguns outros utensílios, a transformaria em divertida. Vamos ver como isso pode acontecer?
Escolhemos uma dica do site Comer para Crescer (http://www.comerparacrescer.com/2010/03/05/hamburguer-caseiro/) Veja abaixo:

Preparo do Hambúguer:
- 250g de patinho moído (ou outra carne magra de sua preferência)
- 250g de acém ou alcatra ou contra-filé moído (ou outra carne de sua preferência, pode ser picanha, por exemplo, mas precisa ser uma carne com um pouco de gordura, caso contrário o hambúrguer fica seco e sem graça)

Modo de preparo:
Misture as duas carnes moídas e molde os hambúrgueres pequenos na mão. Depois deixe na geladeira por 10 min. Em fogo brando, doure, com um fio de óleo, o hambúrguer por 2 minutos de cada lado. Em seguida, abaixe totalmente o fogo, tampe as carnes e deixe assim por mais três minutos cada lado (fique de olho para não tostar). Um jeito de temperar os hambúrgueres, seria salpicar sal e pimenta antes destes irem à frigideira e deixar o tempero agir durante alguns minutos.
Junte pão de hambúrguer, coloque um pouco de salada de sua preferência. Como já foi mostrado nos outros dias da oficina, decorar o prato é uma excelente maneira de chamar a atenção e aguçar as crianças a comerem de uma forma divertida. Uma outra ideia também seria fazer bonecos caseiros, como “brindes”, igual os que vimos nas agências de fast-food. Caso queira aprimorar esta prática, faça uma apresentação do prato bem legal imitando um certo desenho animado ou um personagem que seja do gosto da criança.
Desta maneira, você pode tornar a refeição uma parte do dia mais divertida sem deixar de utilizar de alimentos saudáveis e menos maléficos à saúde. Trazer as crianças para a cozinha também é uma ótima forma de mostrar a eles, que dentro de casa se pode fazer uma alimentação melhor e mais divertida do que uma ida à um fast food, por exemplo. É tudo questão de criatividade!

5) DICAS:
Todos os dias a gente segue com dicas das matérias do blog. Hoje, falamos sobre a mídia e a influência dela sob o público infantil.
1) Nosso textinho de introdução foi baseado no artigo de Neila Camargo de Moura, que fala sobre a influência da mídia no comportamento alimentar de crianças e adolescentes. É super interessante e vale a pena a leitura:

2) Em seguida, exibimos o documentário “Criança – A Alma do Negócio”, que aborda a influência da propaganda na vida das crianças e no seu poder de compra. Como por exemplo, a transformação desse público em pessoas mais consumistas e a mudança da infância para outras atividades relacionadas a compra. Assunto que tem totalmente a ver com a alimentação infantil, visto que a maior verba da publicidade, atualmente, é para propagandas relacionadas a alimentos e que afetam as crianças. O documentário está disponível no youtube pelo link:

3) A nossa brincadeira foi tirada do site http://delas.ig.com.br/filhos/brincadeiras/ , onde você pode encontrar uma lista de outros jogos que podem ser feitos com seus filhos, dentro e fora de casa;

4) O nosso saiba como mostrou uma outra maneira de fazer hambúrguer de uma forma mais divertida e saudável para as crianças. Muitas vezes ouvimos o público infantil pedir para ser levado ao fast food, tanto pela comida quanto pelo brinde. Por isso, o blog criou uma forma divertida e prazerosa em comer hambúrguer onde tanto os pais, como os filhos podem se divertir juntos, sem comer a famosa “junk food”. Você também pode tirar outras receitas divertidas no site http://www.comerparacrescer.com/ .

6) CONSIDERAÇÕES FINAIS:

Hoje chegou ao fim nossos quatro dias de oficina. O nosso objetivo foi, antes de tudo, mostrar a realidade da saúde das nossas crianças através do que elas comem. A alimentação foi o ponto forte nesta oficina, mostrando aos pais, professores, educadores, que é possível melhorar a educação alimentar do público infantil, adquirindo novos hábitos.
Durante os quatro dias expomos assuntos, debatemos interessantes pontos, forçamos o diálogo sobre diferentes temas e oferecemos outras maneiras de trazer a criança para dentro desse assunto que é tão importante. Vimos que acima de tudo, é necessário a conversa entre adultos e crianças, afim de mostrar a situação dos jovens, buscando sempre diferenciar o que faz bem e o que não faz bem para nós.
Acima de tudo, a saúde a partir da alimentação não é somente o ato de ingerir, mas sim a necessidade social de ter a oportunidade de saber diferenciar o que saudável e o que não é. Esse ato só é possível a partir do momento em que pais e professores possam abordar esse tema, juntos, deixando claro que elas têm o direito de ter esse conhecimento até para sua formação como cidadão.
Espero que esse conteúdo sirva para nortear e estimular os pais e professores a abordarem esse tema com as crianças, visando um futuro mais saudável e democrático.

Obrigado! 



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